Orum Aiyê celebra a consciência negra com apresentações de “Contos de Cativeiro”

orum aiyêFoto: divulgação

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Neste ano, o dia 20 de novembro, dia da consciência negra, pela primeira vez se torna feriado em todo o Brasil.

Para celebrar este dia histórico de luta pelo reconhecimento da história e da cultura negra do país, o primeiro quilombo cultural de Goiânia oferece uma programação artística que contempla celebração, assim como resistência e reflexão.

O Orum Aiyê Quilombo Cultural apresenta nos dias 20 e 21 de novembro, no Teatro Goiânia, o espetáculo circense afro-diaspórico “Contos de Cativeiro”.

No dia 23 de novembro haverá desfile do Bloco Tambores do Orum, o primeiro de percussão afro de Goiânia formado apenas por pessoas negras.

O desfile do Bloco Tambores do Orum sai da sede do quilombo, no Residencial Nossa Morada. Assim como a concentração se inicia às 16 horas na rua MB-1 esquina com MB2 no Residencial Morada do Bosques.

O bloco sai às 17 horas na mesma rua MB-1, sobe a rua Bandeirantes, desce pela mesma rua bandeirantes e retorna ao local de partida.

Apresentações

As apresentações de “Contos de Cativeiro” serão às 20 horas e os ingressos podem ser retirados na plataforma Sympla.

Eles custam R$ 40 inteira, R$ 20 meia-entrada para pessoas garantidas por lei e também para quem doar um quilo de alimento não perecível ou kit de higiene.

Pessoas negras pagam R$ 15. Para além dos ingressos, comunidades quilombolas e associações do movimento negro podem entrar em conta com Orum Aiyê pelo Instagram que para que tenham acesso a uma quantidade de ingressos gratuitos para esses grupos.

Resistência negra

O dia 20 de novembro é escolhido como dia da consciência negra em alusão ao dia do assassinato de Zumbi dos Palmares, grande líder do Quilombo que leva o seu nome, reconhecido pelos portugueses como Deus da Guerra.

Raquel Rocha, uma das coordenadoras do quilombo, destaca que eles compartilham da opinião do intelectual quilombola Nego Bispo de que é necessário estudar Palmares.

“Não Zumbi, mas Palmares, que existiu antes, durante e depois de Zumbi. Nós, do Orum, enfatizamos a importância de se conhecer esta história para celebrar essa data”.

Marcelo Marques, também coordenador do Orum Aiyê destaca que a história deste quilombo que existiu por mais de cem anos, ao contrário do que contam os livros, não é de derrota, mas de resistência.

“No auge do império colonial portugês e do comércio escravista, um grupo de negros montou uma cidade no alto da Serra da Barriga que chegou a contar com 20 mil habitantes. Palmares resistiu a milhares de ataques da coroa portuguesa ao longo dos cem anos: gerações de negros nasceram livres e morreram livres em Palmares”, conforme compartilha Marques enfatizando essa história de resistência.

As atrações

Contos de Cativeiro é um solo encenado pelo artista Marcelo Marques e dirigido por Renata Caetano. Tem a coreografia de Juliana Jardel, cenário e figurino de Raquel Rocha e é protagonizado, dirigido, bem como coreografado somente por artistas negros.

“Estamos em tempos cujo a necessidade de atitudes afirmativas em relação a história e a cultura negra estão cada vez mais pungentes”, comenta o artista Marcelo Marques sobre a urgência de uma produção feita por essa equipe.

Tambores do Orum, explica Raquel Rocha, uma das coordenadoras do Orum, é lazer, mas também um movimento político, estético, de conscientização corporal e de positivação da beleza negra e da estética afro diaspórica.

“Nosso lugar de promover entretenimento de rua tem valor agregado em forma de educação e formação antirracista. Somos panafricanistas, afrofuturistas, levando para as ruas educação e cultura afro, somadas às tecnologias de terreiro”, conforme enfatiza Raquel, que também assina a composição das músicas e figurino.

O projeto ainda tem Angela Rocha como assistente de figurino, Rafaela Rocha na produção, Lucas Almeida como fotógrafo e Milca Francielle no canto. Marcelo Marques também está na coordenação das pernas de pau.

Diáspora

O espetáculo “Contos de Cativeiro” tematiza uma história que retrata os caminhos percorridos pelo povo preto brasileiro desde a diáspora africana.

Essa história é narrada pelo olhar de um preto velho simpático e de fala doce, trazendo para cada cena um recorte com foco na sabedoria, nas vitórias e experiências trazidas da África para o Brasil. Assim os contos trazem as alegrias, a resiliência e a fé negra.

A montagem pesquisa a mistura das linguagens corporais, do circo com a dança afro e a capoeira, além de outros elementos da cultura negra brasileira.

Povo preto no centro

Raquel Rocha e Marcelo Marques lembram do difícil cenário social, político e econômico, que coloca as pessoas negras em uma situação ainda mais marginal às políticas públicas e no centro de crescentes ataques racistas.

A consciência da importância das relações identitárias na formação e na autoestima de jovens e crianças, lembram os produtores, é fundamental.

Assim, a existência de produções culturais capazes de afirmar a negritude ajudam na formação dessas pessoas.

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