Goiânia cria gabinete de crise para enfrentar efeitos das mudanças climáticas

Proposto pelo prefeito Sandro Mabel, órgão terá integrantes do município e do governo estadual para prevenir e minimizar danos provocados pelas fortes chuvas

gabinete de crise clima GoiâniaFoto: Alex Malheiros

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A Prefeitura de Goiânia criou, nesta quarta-feira (15/1), um gabinete de crise para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas e para prevenir e mitigar os danos provocados pelas fortes chuvas da cidade.

O gabinete funcionará na estrutura da Defesa Civil do Estado de Goiás, ao lado do Estádio Serra Dourada, onde já há um local para monitoramento das condições do clima e para deflagrar medidas de socorro, quando necessárias.

De acordo com o prefeito Sandro Mabel, serão dois tipos de abordagens: para as emergências, especialmente nos próximos 15 dias, período para o qual há previsão de mais chuvas volumosas, e, posteriormente, para soluções definitivas, com obras de drenagem.

Pontos de atenção

A Marginal Botafogo, que corta a cidade de norte a sul, é um ponto de atenção especial devido aos alagamentos, como o da chuva desta terça-feira à tarde, quando o Córrego Botafogo transbordou para as pistas, na altura do viaduto da Avenida Independência.

“Se chover muito de Aparecida para cá ou no Centro, tem de fechar a Marginal”, conforme determinou o prefeito. Para a detecção das precipitações, Mabel determinou que sejam adquiridos mais pluviômetros, com recursos do município, para reforçar o trabalho feito pelo Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas (Cimehgo), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

O prefeito ponderou que as ações conjuntas já têm produzido resultados, como nas chuvas de domingo à noite e terça à tarde. “É espetacular a forma como têm funcionado as ações em conjunto. Nosso pessoal já está atuando, entrando, limpando, quando a chuva acontece, mas queremos uma coisa mais profissional”, informou.

Bombeiros

O comandante do Corpo de Bombeiros de Goiás, coronel Washington Luiz Vaz Júnior, destacou a importância de ter um comando unificado. “No gabinete de crise, é uma decisão unificada. Mas o prefeito deu uma ideia, levou para o gabinete, o gabinete trata a ideia, e com poucos minutos essa ideia roda todo mundo aqui nessa mesa. Por isso o gabinete de crise dá certo”, explicou. “Eu confio, acredito que essa ação será um sucesso”, assegurou.

O gerente do Cimehgo, André Amorim, destacou a importância de alinhamento também com a prefeitura de Aparecida de Goiânia e outros municípios da região metropolitana. “Temos de estar conectados nesse momento”, conclamou.

O Cimehgo possui pluviômetros na Câmara Municipal, na Praça do Avião, no Setor Jaó, na Vila Pedroso, no Autódromo, no Jardim Mariliza, na região noroeste e no Conjunto Vera Cruz. “Essa rede de alerta está funcionando. A cada 10 minutos as informações chegam, o que possibilita que sejam tomadas atitudes rápidas”, conforme concluiu.

Apelo

O prefeito de Goiânia aproveitou a ocasião para fazer um apelo à população, para que não saia de casa durante as chuvas ou, se não for possível, que se abrigue e jamais se arrisque em situações de risco.

“A chuva vem rapidamente e logo também abaixa. Somente no período da chuva é quando as pessoas não podem sair. Se vir rua com água acima do meio-fio, não passe, não desça do carro, pode ter uma boca de lobo aberta. Não passe com carro, de moto, a pé, pare o carro, fique em casa, fique na casa de um amigo, não se arrisque nesse período”, conforme pediu.

Mabel também determinou à Secretaria de Comunicação (Secom) que torne essa comunicação com a população da cidade o mais assertiva possível. “Estamos falando com as rádios, se possível para entrar em cadeia e dar o alerta quando a chuva estiver vindo. Isso vai ajudar”, assim analisou.

Ações de limpeza

Ao mesmo tempo, os técnicos da prefeitura estão, a partir desse aprendizado com as chuvas, levantando os pontos problemáticos e planejando ações de limpeza de córregos, como o Botafogo, cujo leito está cheio de terra e tem pontos de entupimento em manilhas e bueiros.

“Isso tudo atrapalha e faz com que entre em colapso”, resumiu Mabel. Em paralelo, a prefeitura está trabalhando para realizar investimentos na drenagem da cidade. “A drenagem de Goiânia parou no tempo, precisamos andar, ter coisas mais modernas, evoluir”, conforme disse Mabel, citando como exemplo a criação de lagoas de contenção, piscinões e estruturas para conter a água nos parques.

“Vamos estudar as situações uma a uma”, assim anunciou. Ele pretende se reunir com a UFG, que está desenvolvendo o Plano de Drenagem Urbana, para entender o andamento do projeto e discutir propostas como a criação de piscinões para contenção das águas pluviais.

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