Sentineleses: conheça o povo mais isolado do mundo

Povo rejeita contato com o mundo exterior e mantêm um modo de vida praticamente inalterado

Sentineleses

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No coração do Oceano Índico, em uma pequena ilha cercada por mistério e proibição, vive a tribo dos sentineleses, considerada o povo mais isolado do mundo. Eles habitam a Ilha Sentinela do Norte, que faz parte do arquipélago de Andamã e Nicobar, pertencente à Índia.

Extremamente hostis a qualquer tentativa de aproximação, os sentineleses rejeitam o contato com o mundo exterior e mantêm um modo de vida praticamente inalterado há milhares de anos.

Cultura enigmática

Por nunca terem tido um contato significativo com o mundo moderno, pouco se sabe sobre sua língua, costumes e organização social. Estima-se que sejam descendentes dos primeiros humanos a migrarem da África há cerca de 60 mil anos e que tenham chegado à ilha há pelo menos 30 mil anos.

Os relatos sobre os sentineleses vêm, em sua maioria, de observações remotas ou de raros encontros que quase sempre terminaram de forma violenta. Eles usam armas rudimentares, como lanças e arcos e flechas, para caçar e pescar, mas também para afastar intrusos. Os sentineleses atacam com flechas até esmo helicópteros que sobrevoam a região, evidenciando sua postura de isolamento absoluto.

Tentativas de contato e tragédias

As primeiras investidas para estabelecer contato com os sentineleses ocorreram no final do século XIX, quando os britânicos, que colonizaram as Ilhas Andamã, tentaram capturar alguns nativos. Em 1880, o explorador Maurice Vidal Portman sequestrou seis sentineleses — dois idosos e quatro crianças — para estudá-los. Os idosos adoeceram rapidamente e morreram, possivelmente devido à exposição a doenças desconhecidas pelo sistema imunológico da tribo. Assustados, os britânicos libertaram as crianças e desistiram da abordagem.

Nas décadas seguintes, algumas expedições indianas tentaram estabelecer laços pacíficos, mas o poco as recebeu com hostilidade. A única interação minimamente bem-sucedida ocorreu na década de 1990, quando antropólogos indianos ofereceram cocos aos nativos, que os aceitaram, mas sem permitir proximidade. Em 1996, o governo indiano encerrou oficialmente as tentativas de contato e declarou a ilha uma zona proibida.

Em 2006, dois pescadores que se aproximaram da ilha ilegalmente foram mortos. Autoridades nunca puderam recuperar os corpos. O episódio mais famoso ocorreu em 2018, quando o missionário norte-americano John Allen Chau tentou evangelizar tribo. Os sentineleses o atacaram com flechadas, ocasionando sua morte. Seu corpo permaneceu na ilha, e as autoridades indianas decidiram não tentar resgatá-lo para evitar novos confrontos.

Proteção oficial

Atualmente, a Índia impõe uma proibição rígida de aproximação à Ilha Sentinela do Norte. Nenhuma embarcação pode se aproximar a menos de 5 quilômetros da costa, tanto para proteger os sentineleses de doenças externas quanto para evitar novas tragédias. Além disso, como a tribo não conhece agricultura e vive exclusivamente da caça, pesca e coleta, sua sobrevivência depende da preservação do ecossistema da ilha.

Os sentineleses permanecem um dos últimos grupos humanos a viver completamente alheios à globalização. Seu futuro, no entanto, é incerto: ameaças como mudanças climáticas e a exploração ilegal da região podem comprometer sua existência.

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