O fotógrafo Sebastião Salgado morreu aos 81 anos, nesta sexta-feira (23/05), em Paris, na França. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização não governamental fundada pelo fotógrafo. Ele deixa Lélia Wanick Salgado, sua mulher desde 1967, e os filhos Rodrigo e Juliano. Salgado enfrentava problemas de saúde crônicos relacionados à malária, que contraiu na década de 1990.
“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, diz o texto.
Nascido em Aimorés, interior de Minas Gerais, em 1944, Sebastião Ribeiro Salgado Júnior formou-se em Economia. Entretanto, foi pelas lentes da câmera que encontrou sua verdadeira vocação. A partir de 1973, quando fez seus primeiros registros fotográficos, Salgado passou a dedicar a vida a documentar a condição humana e os impactos da ação do homem sobre a natureza, sempre em imagens em preto e branco que se tornaram sua marca registrada.
Fotografia
Com sensibilidade e olhar agudo, registrou a força do trabalho braçal em condições extremas. Um dos exemplos é a famosa série Trabalhadores, que inclui imagens icônicas da mineração em Serra Pelada nos anos 1980. Além disso, em Êxodos, percorreu mais de 120 países para retratar os movimentos migratórios e os refugiados ao redor do mundo. Seu trabalho sempre ultrapassou a estética: era denúncia, era empatia, era humanidade.
Mesmo com reconhecimento internacional, Salgado nunca abandonou as raízes e o compromisso com o meio ambiente. Em 1998, criou o Instituto Terra com Leila, numa missão ambiciosa de reflorestar a fazenda da família e promover a restauração ambiental da bacia do Rio Doce. “Estamos tentando devolver ao planeta um pouco do que ele nos deu”, dizia.
A trajetória de Salgado rendeu inúmeras honrarias. Ele recebeu a comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil, foi membro da Academia de Belas Artes da França e embaixador da Boa Vontade da Unicef. Além disso, ele foi membro honorário da Academy of Arts and Sciences dos Estados Unidos.
Contudo, em 2024, anunciou sua aposentadoria dos trabalhos de campo. De acordo com Salgado, em entrevista ao jornal The Guardian, afirmou: “Meu corpo está sentindo os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”.
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