O tenente-coronel do Exército Mauro Cid (à esquerda na foto) confirmou nesta segunda-feira (09/06) que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu o monitoramento da rotina do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com Cid, Bolsonaro fez o pedido no final de seu mandato para verificar se Moraes teria se encontrado com o então vice-presidente da República, Hamilton Mourão.
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Cid foi primeiro foi o primeiro réu do Núcleo 1 da trama golpista a ser interrogado por Alexandre de Moraes, relator da ação penal do golpe. O militar também está na condição de delator nas investigações.
De acordo com o militar, “era comum” o ex-presidente fazer pedidos de monitoramento de quem considerava um adversário político. Cid disse que a repassaram ordem foi repassada ao coronel do Exército Marcelo Câmara. Ele era assessor de Bolsonaro e que também é réu nas investigações da trama golpista.
“Por várias vezes, o presidente recebia algumas informações de que aliados políticos estariam se encontrando com adversários políticos. Então, foi comum a gente verificar se isso era verdade ou não. Não tinha nenhuma análise de inteligência. A gente perguntava para a Força Aérea ou via a agenda do ministro”, afirmou.
Minuta do golpe
Mais cedo, Mauro Cid também confirmou que Bolsonaro esteve presente em uma reunião na qual lhe apresentaram um documento que previa a decretação de medidas de estado de sítio e prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outras autoridades, em 2022.
Durante o depoimento, Cid confirmou que participou de pelo menos duas reuniões em que Felipe Martins, ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro, apresentou ao ex-presidente um documento com a proposta golpista para reverter o resultado das eleições de 2022.
No encontro, Bolsonaro leu a minuta e propôs alterações no documento, de acordo com o militar.
“Foi levado esse documento ao presidente. O documento consistia em duas partes. A primeira parte eram os considerandos. Dez, onze, doze páginas, muito robusto. Esses considerandos listavam as possíveis interferências do STF e TSE no governo Bolsonaro e nas eleições. Na segunda parte, entrava em uma área mais jurídica, estado de defesa, estado de sítio e prisão de autoridades”, afirmou.
Mauro Cid também confirmou o conteúdo dos depoimentos de delação premiada prestados à Polícia Federal (PF) e negou ter sofrido qualquer tipo de pressão para assinar o acordo de delação premiada.
“Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”, declarou.
Além disso, durante o interrogatório, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e as defesas dos demais acusados também poderão fazer perguntas aos réus. O depoimento deve prosseguir até as 20h.
Agência Brasil
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