Brasileiro Thiago Ávila vai para solitária em prisão de Israel

Defesa informa que ativista foi ameaçado com 7 dias em solitária

Brasileiro Thiago ÁvilaFoto: Freedom Flotilha Coalition

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Os advogados que fazem a defesa do ativista brasileiro Thiago Ávila, em Israel, informaram que ele foi colocado em confinamento solitário e transferido para outra prisão separada dos demais ativistas presos.

A organização de direitos humanos Adalah, que faz a defesa dos detidos, informou que Thiago punido com a solitária por ter iniciado uma greve de fome pela sua libertação.

“[A defesa] informa que Israel ameaçou deixá-lo na solitária por 7 dias em uma cela escura, pequena, sem ar e sem acesso a ninguém”, diz comunicado da Flotilha da Liberdade Brasil, entidade que organizou a missão humanitária para a Faixa de Gaza. O caso considerado crime de guerra pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos.

A defesa sustenta que eles não cometeram qualquer crime e sequestrados por Israel. Já que a interceptação do barco que levava alimentos e remédios a Gaza ocorreu em águas internacionais. Os advogados da Adalah pedem a libertação imediata de todos os oito ativistas e solicitam o fim das ações de retaliação.

“Thiago Ávila colocado em isolamento na prisão de Ayalon por causa de sua greve de fome e sede, que começou há dois dias. Ele também tem sido tratado agressivamente pelas autoridades prisionais, apesar de que não tenha escalado para uma agressão física”, diz informe da coalizão que tentou furar o bloqueio de Israel contra Gaza.

Na manhã de hoje (11), o Judiciário israelense decidiu deportar o brasileiro em prazo que vence nesta quinta-feira (12). Porém, não definido qualquer horário para deportação.

Família

A esposa de Thiago, Laura Souza, disse que, poucas horas após informada da decisão sobre a deportação, recebeu nova ligação da advogada informando sobre a transferência para a cela solitária.

“Há informações conflitantes. Eles estão dizendo que ele partirá no próximo voo e depois marcando uma audiência para julho. Então, estou muito nervosa e não sei bem o que está acontecendo”, conforme lamentou em uma rede social.

O brasileiro e outros 11 ativistas presos pela Marinha israelense enquanto tentavam desembarcar na Faixa de Gaza. Assim que há mais de três meses sofre com um bloqueio israelense que impõe fome a quase 2 milhões de palestinos.

Outra ativista, a euro-deputada franco-palestina Rima Hassan também teria sido colocada em solitária após escrever “Palestina Livre” na parede da cela. Porém, posteriormente, a Flotilha informou que ela retornou para prisão de Givon, onde estão os demais ativistas presos. Já Thiago permanece na solitária.

“O ato de isolamento e transferência para diferentes prisões constituem uma séria violação dos direitos dos voluntários. E uma tentativa clara de exercer a eles uma pressão mental e política”, conforme diz a organização Flotilha da Liberdade.

Autoridades

A Agência Brasil entrou em contato com a Embaixada de Israel no Brasil para que se manifestasse sobre a transferência de Thiago para uma solitária. Porém, a assessoria da embaixada informou que não comentaria o assunto.

Em nota, se limitou a dizer que o brasileiro está sob custódia das autoridades israelenses. “Diante do fato de que ele se recusou a assinar uma deportação voluntária, ele precisa passar por um processo legal que permitirá isso”, informou a representação de Tel Aviv no Brasil.

Na noite de ontem (10), o Itamaraty publicou nota condenando a prisão do brasileiro, informando que acompanha o caso e exigindo a libertação dos presos. Conforme o MRE, a prisão em águas internacionais é uma “flagrante transgressão ao direito internacional”. “O Brasil clama pela libertação de seu nacional e insta Israel a zelar pelo seu bem-estar e saúde”, assim destaca o texto.

Deportação

Thiago não deportado imediatamente, como a ambientalista sueca Greta Thunberg, por ter se negado a assinar documento em que reconheceria que cometeu um crime de tentar entrar em Israel sem autorização.

De acordo com a Flotilha, o grupo concordou que Greta e outros presos assinassem o documento para que, voltando a seus países, pudessem denunciar a situação.

Um dos ativistas libertados, o jornalista da Al Jazeera Omar Faiad, informou, após deportado para Paris, que policiais israelenses ameaçaram a parlamentar Rima Hassan caso não assinasse a deportação.

Crime de guerra

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) publicou nota em que classifica a interceptação do navio Madeleine, da Flotilha da Liberdade, por Israel como um crime de guerra e pede ao governo brasileiro a suspensão das relações diplomáticas e comerciais com Tel Aviv.

“O CNDH entende que a interceptação de embarcação civil com finalidade exclusivamente humanitária, em águas internacionais, configura grave violação aos tratados internacionais ratificados pelo Estado de Israel. Além de significar um crime de guerra em mais um episódio de impedimento à ajuda às vítimas de uma crise humanitária sem precedentes”, disse o conselho.

Fonte: Agência Brasil

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