Empresário denuncia erro médico e cobra fiscalização de planos de saúde na Câmara de Goiânia

Procedimento comprometeu a mobilidade da perna esquerda de Márcio Lima

Márcio Lima usouFoto: Gustavo Moraes Mendes/Câmara de Goiãnia

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O empresário Márcio Lima usou a Tribuna Livre da Câmara Municipal de Goiânia nesta quinta-feira (26/06) para relatar as sequelas deixadas por uma cirurgia de coluna mal realizada por um neurocirurgião da operadora Hapvida. O procedimento, realizado em 23 de dezembro de 2024, comprometeu a mobilidade da perna esquerda de Lima, que hoje depende de uma muleta para se locomover.

De acordo com o empresário, o erro aconteceu durante uma cirurgia de artrodese lombar, na qual foram colocados oito pinos de forma inadequada. “A operação foi mal sucedida por erro de procedimento e falta de acompanhamento. Fiquei 22 dias [depois da cirurgia] sem supervisão nenhuma. Pediu uma tomografia que mostrou o problema, mas não propôs continuar o acompanhamento comigo”, denunciou.

Seis meses após o procedimento, Lima afirma que ainda não conseguiu retornar ao trabalho. Ele ingressou na Justiça contra o médico e a operadora, alegando que seu caso expõe violações aos protocolos estabelecidos pela sociedade médica especializada em cirurgia de coluna. “A análise do meu caso revela violações sistemáticas aos protocolos da sociedade médica especializada em cirurgia de coluna, incluindo o manual de diretrizes e codificações de cirurgia vertebral”, afirmou.

Outras vítimas

O relato de Márcio motivou outras vítimas a se manifestarem. Entre elas está a lojista Janaína Nunes, que também compareceu à sessão plenária. Ela passou por uma cirurgia cerebral após diagnóstico equivocado de tumor, quando, na verdade, apresentava uma má formação de veia no cérebro. De acordo com o marido, Diego Nunes, a operação resultou na remoção indevida de parte da massa encefálica. Além disso, deixou sequelas motoras no lado esquerdo do corpo. “O médico decidiu por conta própria fazer uma cirurgia de abertura de crânio para retirar o tumor que não existia. Depois, quando fomos consultar outros médicos, descobrimos que não precisava ser uma cirurgia tão agressiva. Só uma desobstrução da veia pela virilha já bastava”, contou.

As denúncias repercutiram entre os vereadores. Kátia Maria (PT) defendeu maior fiscalização sobre os atendimentos dos planos de saúde privados. Conforme o presidente da Casa em exercício, Anselmo Pereira (MDB), o caso será encaminhado à Comissão de Saúde, presidida pelo vereador Dr. Gustavo (Agir), para investigação.

O episódio reacende o debate sobre a atuação das operadoras na capital. Em maio, o vereador Heyler Leão (PP) criou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar a recusa de cobertura de tratamentos para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com base em denúncias de famílias prejudicadas.

Além disso, o vereador Denício Trindade (UB), responsável por organizar a participação dos denunciantes na tribuna, destacou a gravidade do cenário. “A gente está observando aí que os planos de saúde estão praticamente todos visando só o lucro e não o atendimento aos seus usuários”, afirmou.

Resposta da operadora

Em nota, a Hapvida afirmou que adota práticas assistenciais alinhadas a padrões de segurança, com foco em ética, transparência e qualidade. Conforme a operadora, o plano mantém contato com o beneficiário citado e está à disposição dos demais pacientes para prestar acolhimento e suporte. “O cuidado com a saúde e o bem-estar de cada paciente é prioridade, prezando pelo respeito, responsabilidade e pela busca contínua por um atendimento resolutivo e humanizado”, diz o comunicado.

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