Com a chegada do outono e a intensificação do clima seco, os atendimentos por infecções respiratórias entre crianças têm aumentado em Goiás. Somente no Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), os casos de Vírus Sincicial Respiratório (VSR) — principal causador de bronquiolite e pneumonia em bebês — cresceram 37,5% entre janeiro e abril de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024. O número saltou de 16 para 22 registros.
A unidade do Governo de Goiás atua tanto no diagnóstico e tratamento desses casos quanto na orientação de familiares sobre medidas preventivas. Em 2025, os primeiros casos começaram a aparecer já em fevereiro. Isso antecipou a sazonalidade típica do vírus, que vai de março a julho, com picos em abril e maio.
Até a 19ª semana epidemiológica de 2025, a Secretaria de Estado da Saúde registou 1.009 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O VSR foi o causador desses casos, que resultaram em 16 mortes. No mesmo período de 2024, foram 726 notificações e 13 óbitos. Os dados incluem casos com coinfecção por outros vírus respiratórios. Além disso, apontam que cerca de 82% das ocorrências ocorreram em crianças com menos de dois anos.
Sintomas
“Praticamente todas as crianças têm contato com o vírus até os dois anos de idade, mas os quadros mais graves são observados em menores de um ano, principalmente prematuros ou com condições como cardiopatias e doenças pulmonares crônicas”, explica o infectologista pediátrico do HDT, Fernando Oliveira Mateus.
De acordo com o especialista, os sintomas do VSR variam de leves, como coriza e tosse, até quadros severos. “Nos casos mais severos, não se trata apenas de um resfriado: há risco de falta de ar, aumento da frequência respiratória, queda da saturação de oxigênio e até desidratação”, alerta o médico. O diagnóstico é clínico, e o tratamento é sintomático, com hidratação, alimentação adequada e, quando necessário, suporte com oxigênio e fisioterapia respiratória.
Prevenção é fundamental
De acordo com o médico, para reduzir os riscos, a orientação é buscar atendimento imediato em casos de piora, especialmente em bebês com menos de três meses, prematuros ou com comorbidades. “Lavar bem as mãos, evitar aglomerações e manter a criança em casa quando estiver doente são medidas fundamentais”, reforça o especialista.
Além disso, durante o período de maior circulação do vírus, o sistema público oferece profilaxia com anticorpos monoclonais para lactentes com fatores de risco. Na rede privada, além da profilaxia, as gestantes entre 32 e 36 semanas de gestação podem tomar a vacina contra o VSR em qualquer época do ano.
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