Festival Italiano de Nova Veneza movimenta economia da cidade

A cada três moradores, um trabalha diretamente na festa, seja em estandes, segurança, alimentação, transporte ou recepção de turistas. Meses antes da festa, produtores rurais já preparam os insumos

Festival Italiano de Nova VenezaFoto: divulgação

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O tradicional Festival Italiano de Nova Veneza chega à edição de 2025 com a expectativa de atrair 132 mil visitantes durante os quatro dias de evento, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Para uma cidade com pouco mais de 10 mil habitantes, o número impressiona e transforma completamente a rotina local.

E para receber tantos visitantes, os moradores se envolvem com a organização. A cada três moradores, um trabalha diretamente na festa, seja em estandes, segurança, alimentação, transporte ou recepção de turistas, calcula a prefeitura.

“A movimentação econômica é como um 14º salário para quem dele participa. O festival movimenta todas as áreas: rural, urbana, comércio, serviços… É um ganho coletivo”, afirma o prefeito Valdemar Batista Costa. Ao todo serão 90 estandes e três restaurantes atendendo ao público.

A própria Cantina da Nonna, restaurante oficial do evento, é um exemplo. A coordenadora do festival, Maria do Carmo Basílio, conta que a cantina estima servir 15 mil pratos, o que demanda uma grande quantidade de insumos, movimentando toda a cadeia de alimentos nas imediações. Serão 100 cozinheiras e outras 250 contratadas para funções de apoio, como atendimento, limpeza, entre outras.

“Para se ter ideia do volume de insumos para preparar esta quantidade de pratos, a Cantina da Nonna precisou de 25 vacas e 2,5 mil quilos de filé de frango. Para as massas, serão necessárias mais de três toneladas de macarrão”, conta. “Fora isso, teremos cerca de 90 expositores e outras duas cozinhas servindo ao público”, diz Basílio.

Da produção local à mesa do festival

Muito antes de começar a festa, a movimentação econômica acontece, começando pela zona rural. Roberto Pereira de Siqueira fornece manjericão para a Cantina da Nonna e já se organiza meses antes.

“A gente se antecipa, porque são mais de mil pés de manjericão. O preparo leva cerca de 45 a 50 dias. É um orgulho para nós, da roça, fazer parte disso tudo”, afirma. “É uma festa que beneficia não só os produtores, mas toda a cidade.”

O produtor rural Rodrigo Leles do Nascimento, ao lado do irmão Emanoel José Leles, produz tomate na região da cidade de Santa Bárbara e é um dos fornecedores. Para ele, participar do festival, mesmo que de forma indireta, é gratificante.
“Queremos contribuir para que o festival possa ser referência em gastronomia italiana”, diz ele, que vai entregar à Cantina da Nonna cerca de 60 kg de tomate cereja. “O lote foi plantado no mês de abril em estufas e será colhido na semana do evento”, explica.

Luan Aurélio Amaral de Melo, da Vitória Carnes, fornece carne bovina para a cantina e confirma o aquecimento em seu negócio. “A demanda aumenta entre 20% e 30%. A gente entrega o gado de 20 a 30 dias antes. Mesmo sem precisar contratar pessoal extra, o ritmo muda totalmente.”

Já Danilo Miranda Loures, da Casa de Carnes Dois Irmãos, especializada em carne suína e bacon, sente o impacto principalmente no atendimento a pessoas físicas. “O festival eleva as vendas em até 30%. A estrutura da empresa aguenta, mas neste ano estou tendo dificuldade para encontrar mão de obra extra”, relata.

Hotel lotado e planos de expansão

Em outras áreas da cidade, o aquecimento também chega, sendo um deles na hotelaria. Enéas Amaral e Silva, proprietário do Hotel Amaral — o único hotel da cidade —, conta que o período do festival é a época mais movimentada do ano. Com duas unidades que somam 80 apartamentos, o empresário conta que, mesmo com a ampliação feita em 2019, a demanda segue superando a oferta.

“Todos os anos a gente lota. Em abril, já tínhamos mais de 50% de ocupação e uma lista de espera. Muita gente prefere dormir na cidade depois da festa, principalmente por causa da bebida e do conforto”, diz Enéas, que planeja abrir uma terceira unidade.

De acordo com ele, a localização estratégica e a segurança são grandes atrativos. “Nova Veneza é 100% segura. No festival do ano passado, por exemplo, não houve nenhuma ocorrência policial. E isso atrai turistas que querem se divertir e relaxar com tranquilidade”, destaca. Nascido e criado na cidade, filho de italianos, ele também comanda um restaurante junto à primeira unidade do hotel, que mantém um estilo rústico, enquanto a segunda é mais moderna.

Para 2025, o festival promete inovação no cardápio e nos serviços, com a introdução do cardápio digital, que vai facilitar os pedidos. A estrutura foi toda pensada para garantir uma melhor experiência ao visitante.

“Investimos em novos banheiros e em estacionamento gratuito. Preparamos tudo com carinho e atenção, para que quem vier a Nova Veneza se sentir acolhido e viver uma boa experiência. É uma festa que, muito além de movimentar a economia, emociona e mexe com todos nós, moradores”, conclui o prefeito Valdemar Costa.

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