Com o aumento dos casos de dengue, gestantes precisam adotar medidas preventivas rigorosas para minimizar os riscos da doença. Nas três primeiras semanas deste ano, Goiânia teve 562 casos confirmados da doença.
Segundo o ginecologista e obstetra Rogério Cândido Rocha, diretor-técnico da Maternidade Nascer Cidadão (MNC), unidade da Prefeitura de Goiânia, a dengue pode evoluir de forma mais grave em mulheres grávidas devido à resposta imunológica mais lenta, aumentando a probabilidade de complicações graves, como a dengue hemorrágica.
“Esses quadros podem causar sangramentos intensos, internações em UTI e, em casos extremos, levar ao óbito materno”, alerta o profissional. Além disso, o médico explica que a doença também representa risco para o bebê. “Complicações como abortos espontâneos, partos prematuros, descolamento de placenta e até transmissão vertical do vírus são preocupações constantes. O primeiro trimestre é o período mais crítico, pois é quando ocorre a embriogênese, deixando o bebê mais vulnerável a problemas neurológicos e outras condições graves”, destaca Rogério.
Identificar precocemente os sinais de dengue é crucial, por isso as gestantes devem ficar atentas para febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares, náuseas, manchas vermelhas e cansaço excessivo. O médico reforça que essas condições devem ser investigadas imediatamente, principalmente em mulheres grávidas, que fazem parte do grupo de risco: “Ao menor sintoma, a gestante deve procurar a maternidade de referência mais próxima para receber assistência adequada”.
Medidas preventivas
Para evitar a doença, medidas preventivas são indispensáveis. Entre elas, o uso diário de repelentes seguros para gestantes, roupas que cobrem o corpo e a instalação de telas em portas e janelas para impedir a entrada do mosquito Aedes aegypti. “O controle de criadouros do mosquito também é essencial, eliminando a água parada e mantendo o ambiente protegido”, reforça o médico.
Os cuidados durante o pré-natal também desempenham um papel fundamental na proteção da gestante e do bebê. “Por meio do acompanhamento regular, é possível identificar sinais precoces da doença e adotar as estratégias mais adequadas para cada caso, evitando complicações mais graves”, afirma o obstetra. Ele alerta também para o risco de reinfecção, uma vez que mulheres que já tiveram dengue enfrentam um risco ainda maior de serem infectadas novamente durante a gravidez. “A reinfecção pode desencadear formas graves de doença, aumentando as chances de hemorragias, restrição de crescimento fetal e até morte neonatal”, pontua.
Zica e chikungunya
Outras doenças transmitidas pelo mesmo vetor, como zika e chikungunya, também merecem atenção especial. O obstetra explica que o vírus zika, por exemplo, pode atravessar a barreira placentária e causar malformações no sistema nervoso do bebê, como a microcefalia. “Já a chikungunya pode levar a abortos, complicações neurológicas e aumento de casos de pré-eclâmpsia. A prevenção continua sendo a principal arma contra essas doenças, já que as vacinas disponíveis não são indicadas para gestantes”, diz.
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