Lula pedirá ao Japão acesso ao mercado de carne bovina do país

Primeiro-ministro japonês visita o Brasil para estreitar relações

Palácio do Planalto em BrasíliaFoto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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Lula pedirá ao Japão acesso ao mercado de carne bovina do país. Primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, visita o Brasil para estreitar relações.

Transição energética, proteção da Amazônia, recuperação do Cerrado degradado, bem como o acesso do Brasil ao bilionário mercado japonês de carne bovina estão entre os temas do encontro.

Fumio Kishida, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se encontram nesta sexta-feira (3/5), em Brasília.

O governo brasileiro deve aproveitar a visita do chefe do governo japonês, a primeira desde 2014, para estreitar as relações políticas, ambientais e econômicas.

De acordo com o Itamaraty, o Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome, o que representa de US$ 3 a US$ 4 bilhões ao ano.

Desse total, 80% são importados dos Estados Unidos e da Austrália, históricos aliados do país asiático.
O MRE conta que, desde 2005, o Brasil tenta, sem sucesso, entrar no mercado japonês de carne bovina.

Etanol

Outra demanda do Brasil é a ampliação da participação do etanol brasileiro no Japão.

De acordo com o embaixador Saboia, o etanol brasileiro é melhor que o de outros fornecedores do Japão, como os Estados Unidos.

Ainda conforme o Itamaraty, o Brasil deve solicitar ao Japão que participe dos investimentos na chamada neoindustrialização brasileira.

Isto é, programa do governo federal criado para aumentar a participação da Indústria na economia, e também no novo PAC, programa de infraestrutura que depende de investimentos privados.

O primeiro ministro Kishida será recebido pelo presidente Lula nesta sexta, às 9h30, no Palácio do Planalto.

Ele vem acompanhado por uma comitiva de 35 líderes empresariais japoneses.

Em Brasília, estão previstas assinaturas de acordos nas áreas de cibersegurança, ciência e tecnologia, industrial e de cooperação em agricultura e meio ambiente.

Após o almoço no Itamaraty, o chefe do governo do Japão segue para o Paraguai.

No sábado, Fumio Kishida retorna ao Brasil para uma agenda com empresários e a comunidade japonesa em São Paulo.

Questões ambientais

O governo brasileiro acredita que o Brasil pode ajudar o Japão em sua transição energética.

A ideia é que o país asiático invista em energia renovável no Brasil para que o país possa exportar energia limpa para o Japão.

Além disso, um acordo entre Brasil e Japão deve ser assinado para o país asiático financiar o programa brasileiro de recuperação de áreas degradadas do Cerrado.

Outro tema será o investimento para o Fundo Amazônia, que desenvolve projetos para proteção do bioma.

O Japão foi o primeiro país asiático a investir no Fundo com um total de U$S 14 milhões. “Mas nós queremos mais, eu acho que é muito pouco”, comentou Saboia.

Geopolítica

O representante do MRE destacou ainda que o governo brasileiro deve aproveitar a visita do primeiro ministro japonês para reforçar as agendas políticas comuns aos dois países, como o pleito para reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).

O embaixador acrescentou que todos os grandes temas internacionais podem estar na mesa de discussão, uma vez que Brasil e Japão são membros do G20, grupo das 20 maiores econômicas do mundo, incluindo a União Europeia e a União Africana.

Ademais, financiamento climático para enfrentar as mudanças do clima, combate global à fome e as guerras em curso estão entre os temas possíveis de discussão.

Relações históricas

O Japão é o segundo principal parceiro comercial do Brasil na Ásia, atrás apenas da China, e o 9º principal parceiro comercial do Brasil no mundo.

O fluxo comercial entre os dois países é de US$ 11,7 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 1,4 bilhão.

O Japão ocupa a posição de 8º maior investidor externo no Brasil, com estoque de cerca de US$ 28,5 bilhões.

O Brasil exporta, principalmente, ferro, frango, café, alumínio e milho e importa do Japão, principalmente, produtos manufaturados, como autopeças, compostos químicos, instrumentos de medição e circuitos integrados.

O Brasil ainda tem a maior população nipodescendente fora do Japão, estimada em mais de dois milhões de pessoas.

Já o Japão abriga a 5ª maior comunidade brasileira no exterior, com cerca de 221 mil nacionais.

Fonte: Agência Brasil

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