Mísseis iranianos atingem hospital em Israel e Netanyahu promete retaliação “com preço alto”

Hospital de Soroka, ao sul de Israel, após ser atingido por míssil lançado pelo Irã — Foto: Maya Levin/AFP

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O conflito entre Israel e Irã atingiu um novo patamar de gravidade nesta quinta-feira (19) após uma série de mísseis iranianos atingir o Hospital Soroka, no sul de Israel, e áreas civis no centro do país. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou o ataque como um ato de terrorismo e prometeu que Teerã “pagará um preço alto”.

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, foi ainda mais incisivo. Segundo ele, o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, “não pode mais continuar existindo”.

— Khamenei declara abertamente que quer destruir Israel; ele pessoalmente dá a ordem de atirar em hospitais. Ele considera a destruição do Estado de Israel um objetivo — afirmou Katz a repórteres em Holon, perto de Tel Aviv. — Um homem assim não pode mais existir — concluiu.

🏥 Hospital Soroka danificado e crise humanitária

O Hospital Soroka, alvo de um dos mísseis, opera atualmente com apenas 26% de sua capacidade. Segundo a direção da unidade, várias enfermarias foram completamente destruídas, com danos estruturais severos em prédios, janelas e sistemas elétricos.

“Só estamos recebendo pacientes em risco de morte”, informou o diretor do hospital, Shlomi Kodes. Mais da metade dos pacientes internados precisou receber alta antecipadamente para que o hospital seguisse funcionando minimamente.

🎯 Ameaças, retaliações e tensão internacional

O ataque ocorre no sétimo dia de confrontos diretos entre Israel e Irã. Enquanto Netanyahu promete intensificar as operações militares, o Irã afirma que seus mísseis tinham como alvo uma base militar e de inteligência, e não uma unidade de saúde.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mantém o suspense sobre uma possível entrada do país na guerra. Em comunicado, informou que tomará uma decisão nas “próximas duas semanas”, deixando aberta tanto a possibilidade de uma ação militar quanto de uma negociação diplomática.

— Ninguém sabe o que vou fazer. A próxima semana será muito importante — declarou Trump.

Caso avance militarmente, os EUA estudam atacar diretamente a instalação nuclear subterrânea de Fordow, no Irã. Bombas projetadas para destruir bunkers estão prontas para uma possível ofensiva.

O Irã respondeu de forma dura. O influente Conselho Guardião advertiu que qualquer intervenção americana terá uma “resposta dura”.

— O governo criminoso americano e seu presidente estúpido devem saber que, se cometerem um erro, enfrentarão uma resposta dura da República Islâmica do Irã — declarou o órgão em comunicado transmitido pela televisão estatal iraniana.

🌍 Reação global: Rússia e China pressionam por cessar-fogo

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou os EUA que qualquer intervenção no conflito representaria um risco de “consequências verdadeiramente imprevisíveis”. A porta-voz Maria Zakharova classificou a possibilidade como “extremamente perigosa”.

Em um telefonema conjunto, os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jinping, da China, condenaram os ataques israelenses e defenderam uma solução diplomática urgente.

Putin afirmou que é possível chegar a um acordo que garanta a segurança de Israel e, ao mesmo tempo, permita que o Irã desenvolva seu programa nuclear civil.

— Seria bom buscarmos juntos uma solução para parar os combates e permitir que os envolvidos negociem — declarou Putin.

☢️ Crise nuclear e diplomacia em xeque

O conflito também reacendeu a crise nuclear no Oriente Médio. O Irã acusa a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de ser “cúmplice” da ofensiva israelense, depois que a agência censurou o país por descumprir acordos nucleares.

O chefe da AIEA, Rafael Grossi, reconheceu que o Irã enriquece urânio em níveis “próximos aos militares”, mas afirmou que ainda não há evidências de que esteja fabricando uma bomba atômica.

Enquanto isso, ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França, Alemanha e o principal diplomata da União Europeia preparam uma rodada emergencial de negociações nucleares com o Irã em Genebra.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, fez um apelo direto por telefone a Netanyahu, pedindo moderação, embora tenha expressado apoio aos ataques de Israel contra instalações nucleares iranianas.

🚀 Bombardeios diários e balanço de vítimas

O Exército israelense informou que realizou dezenas de novos ataques na madrugada, incluindo bombardeios contra o reator nuclear de Arak e uma instalação em Natanz. O objetivo, segundo o governo, é impedir que essas estruturas sejam usadas no desenvolvimento de armas nucleares.

O Irã vive um apagão quase total da internet, dificultando o fluxo de informações internas. A medida foi confirmada pela agência iraniana Fars.

Desde o início do conflito, segundo dados divulgados por Israel, o Irã lançou cerca de 400 mísseis balísticos e mais de 1.000 drones. Pelo menos 24 pessoas morreram em Israel e centenas ficaram feridas. O Irã, por sua vez, afirma que os ataques israelenses já deixaram 224 mortos, incluindo cientistas nucleares, comandantes militares e civis.

Israel afirma que sua campanha visa impedir que o Irã adquira armamento nuclear. O país persa, que vinha enriquecendo urânio a 60% — muito acima do limite do acordo nuclear de 2015 —, ainda não atinge o patamar de 90% necessário para a construção de uma ogiva.

Embora nunca tenha confirmado oficialmente, Israel é considerado uma potência nuclear, com cerca de 90 ogivas, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).

O cenário é de tensão máxima, com risco iminente de ampliação do conflito e de envolvimento direto de outras potências militares globais.