Se você já se pegou dizendo que “música boa era a daquela época”, saiba que não está sozinho — e que essa sensação tem mais a ver com o seu cérebro do que com a real qualidade das composições. Vários estudos têm mostrado que a preferência pelas músicas da juventude é um fenômeno comum e explicável do ponto de vista neurológico, psicológico e até cultural.
De acordo com especialistas em neurociência, o cérebro humano passa por um período de maior sensibilidade emocional e cognitiva entre os 12 e os 25 anos. É nessa fase da vida que formamos a maior parte das nossas memórias afetivas. A música, por sua vez, é um dos estímulos mais potentes para gerar essas conexões emocionais. O resultado é que as canções ouvidas nesse período se tornam verdadeiras cápsulas do tempo — nos transportando instantaneamente para momentos de descoberta, paixão, amizade ou superação.
Essas músicas funcionam como trilha sonora da nossa identidade. Quando as ouvimos, o cérebro ativa áreas ligadas à memória e à emoção, liberando dopamina, o neurotransmissor do prazer. Por isso, tendemos a valorizá-las mais.
Outro fator que contribui para essa percepção é a familiaridade. Diversas pesquisas mostram que o cérebro prefere o que já conhece — e quanto mais vezes ouvimos uma música, mais gostamos dela. As canções que marcaram a adolescência costumam ser ouvidas e revisitadas inúmeras vezes, o que solidifica ainda mais essa conexão emocional. Já músicas novas exigem mais esforço de processamento e, muitas vezes, não causam o mesmo impacto imediato.
Nostalgia
A nostalgia também pesa. Idealizamos o passado como um tempo mais simples e feliz. Quando ligamos uma música antiga, não estamos apenas ouvindo a melodia — estamos revivendo uma versão emocional de nós mesmos.
Para completar, há ainda a percepção de que as músicas atuais são mais comerciais ou superficiais. Mas essa impressão nem sempre reflete a realidade. A indústria musical mudou, é verdade — assim como os estilos, as linguagens e os formatos de produção. Porém, o distanciamento emocional em relação às músicas novas faz com que elas soem menos significativas, especialmente para quem já viveu o auge da juventude.
A conclusão? Não é que a música de hoje seja pior. É que, para o seu cérebro e para a sua história, a de antes foi — e sempre será — inesquecível.
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