Moradores de Maceió enfrentam dias de tensão após a prefeitura declarar situação de emergência devido ao possível colapso em uma mina de sal-gema explorada pela Braskem no bairro do Mustange. Este episódio é mais um capítulo de uma narrativa que começou em 2018, com afundamentos em cinco bairros, forçando aproximadamente 60 mil residentes a deixarem suas casas.
O risco de colapso em uma das 35 minas da Braskem é monitorado pela Defesa Civil, detectado pelo avanço no afundamento. A petroquímica admite o risco de desabamento, mas sugere a possibilidade de acomodação do solo. Um colapso potencial poderia causar tremores e abrir uma cratera maior que o estádio do Maracanã, com consequências incertas, sendo acompanhado pelo governo federal.
Mas o que é o sal-gema? Diferentemente do sal comum, obtido do mar, o sal-gema é encontrado em jazidas subterrâneas formadas há milhares de anos pela evaporação oceânica, acompanhado por uma variedade de minerais devido a esse processo.
Conhecido como halita, o sal-gema é usado na cozinha e também como matéria-prima na indústria química para produzir diversos produtos, desde soda cáustica até produtos de higiene. A exploração de sal-gema em Maceió, iniciada em 1976, passou por diversas fases e envolvia a escavação de poços até a camada de sal a mais de mil metros de profundidade, com a água sendo usada para dissolver o sal e formar uma salmoura.
O vazamento da solução líquida causou buracos na camada de sal, possivelmente relacionados a falhas geológicas, resultando em tremores em 2018 e afundamentos nos bairros de Pinheiro, Mustange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Em resposta, a Braskem encerrou a exploração em 2019, compensando moradores com R$ 3,7 bilhões em indenizações. Alguns afetados buscam reparação por meio de processos judiciais, e o caso está em discussão em ações movidas pelo Ministério Público Federal (MPF).
Agência Brasil