ONU confirma que 2024 foi o ano mais quente em 175 anos

Relatório se baseou em serviços meteorológicos nacionais

2024 foi o ano mais quenteFoto: Ralf Vetterle/Pixabay

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A Organização Meteorológica Mundial (OMM), instituição da Organização das Nações Unidas (ONU), informou nesta quarta-feira (19/03) que 2024 foi o ano mais quente em 175 anos de registro científico. As temperaturas registradas ao longo do ano confirmaram que o ano passado foi o primeiro a superar 1,5 °C acima do período pré-industrial (1850-1900).

Apesar do recorde, o relatório da instituição traz dados preliminares que estimam um aquecimento global de longo prazo entre 1,34 °C e 1,41 °C em comparação ao mesmo período.

“Embora um único ano de aquecimento superior a 1,5 °C não indique que os objetivos de temperatura de longo prazo do Acordo de Paris estejam fora de alcance, é um sinal de alerta de que estamos aumentando os riscos para as nossas vidas, economias e para o planeta”, alerta a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.

Além disso, os pesquisadores avaliam que o recorde de temperaturas globais foi registrado em 2023 e quebrado em 2024. Eles atribuem esse fenômeno ao aumento das emissões de gases do efeito estufa. Ainda há associação com a alternância entre os fenômenos de arrefecimento La Niña e de aquecimento El Niño.

Indicadores de mudanças climáticas

O relatório traz ainda uma série de dados que apontam recordes em outros indicadores de mudanças climáticas no ano de 2024. Entre eles estão o nível mais elevado nos últimos 800 mil anos de concentração atmosférica de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.

“O dióxido de carbono permanece na atmosfera durante gerações, retendo o calor”, destaca o estudo.

No sistema terrestre, os oceanos armazenam cerca de 90% da energia retida pelos gases com efeito de estufa. O que levou a observação da taxa de aquecimento dos oceanos mais alta dos últimos 65 anos, em 2024, além da duplicação da taxa de subida do mar entre 2015 e 2024 na comparação com o período de 1993 a 2002.

Os últimos 3 anos também registraram as menores extensões de gelo antártico e a maior perda de massa glacial. Já no Ártico, os pesquisadores registraram as menores 18 extensões de gelo nos últimos 18 anos.

Os impactos dos fenômenos meteorológicos extremos registrados no último ano, somados aos conflitos e elevados preços internos de alimentos, resultaram no agravamento das crises alimentares em 18 países, aponta o relatório

Sinais de alerta

De acordo com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o planeta está emitindo sinais de alerta. Contudo, o relatório também mostra que ainda é possível limitar o aumento da temperatura global em longo prazo.

“Os líderes têm de tomar medidas para que isso aconteça, aproveitando os benefícios das energias renováveis baratas e limpas para as suas populações e economias, com os novos planos nacionais para o clima que deverão ser apresentados este ano”, afirmou.

O relatório se baseou nas contribuições científicas dos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais. Ainda houve contribuição dos centros climáticos regionais da instituição e de parceiros da ONU, com a participação de dezenas de peritos.

Agência Brasil

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