Prefeito de Aparecida, Leandro Vilela, descarta decreto de calamidade e adota cortes para equilibrar contas. Vilela afirmou que recebeu a gestão municipal em uma situação financeira proporcionalmente pior que a enfrentada por Sandro Mabel (UB) em Goiânia.
Conforme Vilela, a possibilidade chegou a ser avaliada, mas foi rejeitada devido à burocracia envolvida e à falta de recursos em caixa. “Diferente de Goiânia, Aparecida não tinha dinheiro para buscar permissão e realizar contratos sem licitação. O que fizemos foi documentar toda a situação e encaminhar ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), para que avaliem as providências a serem tomadas”, explicou o prefeito.
Crise financeira e cortes drásticos
A dívida do município, estimada em R$ 500 milhões, inclui R$ 100 milhões em salários atrasados de dezembro de 2024, dos quais R$ 60 milhões são referentes à folha de pagamento e R$ 40 milhões ao acerto de comissionados exonerados. Enquanto a folha de pagamento foi parcelada em três vezes, os débitos com comissionados já foram quitados.
Para equilibrar as contas, a nova gestão implementou cortes rigorosos.
Entre as medidas adotadas estão:
- Encerramento do contrato dos 101 totens de segurança, que custavam R$ 1,6 milhão e, em alguns casos, sequer prestavam serviço;
- Redução da frota de veículos da prefeitura, com 160 carros parados para economizar 20 mil litros de combustível por mês;
- Corte de despesas operacionais, como telefone celular para secretários e motoristas oficiais;
- Redução de 50% dos cargos comissionados, visando eliminar excessos na estrutura administrativa.
“Estamos reduzindo custos ao máximo para colocar a cidade em dia. Não há luxo, não há privilégios. O corte é total, desde pequenas despesas até grandes contratos”, assim enfatizou Vilela.
Dívida proporcionalmente maior que a de Goiânia
Os números mostram que a dívida de Aparecida representa 13,5% da receita prevista para 2025 (R$ 3,391 bilhões), enquanto o déficit líquido de Goiânia, conforme o TCM, é de R$ 696,9 milhões, ou 6,5% da receita estimada para o ano (R$ 10,629 bilhões). Se considerado o valor de R$ 3,4 bilhões, apresentado pela Prefeitura de Goiânia ao decretar calamidade, a proporção sobe para 31% da receita.
O secretário da Fazenda de Aparecida, Carlos Eduardo de Paula, reforçou que a situação do município inviabilizava um decreto de calamidade nos moldes de Goiânia. “O decreto da capital teve um propósito porque havia recursos em caixa. Em Goiânia, o saldo disponível era de R$ 1,7 bilhão, o que permitia cobrir despesas emergenciais. Aqui, não tínhamos dinheiro sequer para contratar sem licitação”, conforme explicou.
Perspectivas e desafios
A estratégia da nova gestão é gerar R$ 120 milhões extras no primeiro trimestre, além do previsto, por meio de cortes de gastos e aumento da arrecadação. “Nosso fluxo de caixa melhora tradicionalmente a partir de março, com a arrecadação do IPTU. Até lá, estamos operando com muita austeridade”, assim afirmou Carlos Eduardo de Paula.
Vilela reforçou que a administração seguirá buscando soluções para equilibrar as contas e manter os serviços essenciais. “Recebemos uma cidade sem dinheiro, sem contratos, sem condições de funcionamento. Mas estamos enfrentando essa realidade com responsabilidade e ajustes necessários”, finalizou.
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