A Polícia Civil de São Paulo prendeu nessa quinta-feira (3/7) João Nazareno Roque, o funcionário da empresa de tecnologia C&M Software (CMSW) que deu acesso ao sistema sigiloso da empresa permitindo que hackers fizessem transferências financeiras por PIX.
Uma das instituições afetadas, a BMP, teve um prejuízo de R$ 541 bilhões. Conforme a Polícia Civil, Roque confessou sua participação ao vender seu login e senha por R$ 5 mil. Logo depois recebeu mais R$ 10 mil para criar um sistema que permitisse os desvios.
A C&M Software é uma empresa brasileira de tecnologia da informação (TI) voltada para o mercado financeiro. Entre os serviços prestados pela companhia está o de conectividade com o Banco Central (BC) e de integração com o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SBP).
A empresa funciona como uma intermediária para que instituições financeiras menores possam se conectar aos sistemas do BC e fazer operações. A C&M tem atuação nacional e internacional e foi homologada pelo BC para essa função desde 2001. Atualmente, outras oito empresas também são homologadas no país.
Comunicação
De acordo com a Polícia Civil, Roque disse que só se comunicava com os criminosos por celular, não os conhece pessoalmente e nem mesmo sabe seus nomes. Além disso, contou que trocou de celular a cada 15 dias não rastreado. A versão que Roque deu à Polícia foi a de que abordado quando saía de um bar próximo de sua casa. Falou ainda que as pessoas já sabiam que trabalhava na empresa.
“O João (Roque) se trata de um insider e é fruto de engenharia social por parte dos criminosos. Eles cooptam o funcionário de dentro da empresa. Esse João tem formação em TI, tem pós-graduação em TI e ele foi cooptado pelo crime. Ele forneceu as credenciais, a senha, foi a primeira porta a que facilitou a entrada do grupo criminoso. Existem outros bancos que sofreram prejuízo, mas nós não podemos divulgar em razão do sigilo das investigações”, disse o responsável pelas investigações, Paulo Barbosa, da 2º Divisão de crimes cibernéticos (DCCyber).
Ocorrência
O caso veio a público quando a BMP registrou um boletim de ocorrência relatando que havia sido alvo de desvios milionários e a C&M que reportou às autoridades um ataque às suas infraestruturas.
“As transferências feitas na madrugada do dia 30, percebidas às 4h30 da madrugada e foram até as 7h. A partir desse horário fecha a vazão de dinheiro, eles começam a tentar entender e conseguem enxergar de forma mais clara o que estava acontecendo no meio da manhã”, explicou o delegado do Deic, Renan Topan.
Em nota, a C&M Software diz que colabora com as investigações. E diz que, desde que identificado o incidente, adotou “todas as medidas técnicas e legais cabíveis”. A empresa diz também que a plataforma continua plenamente operacional e que, em respeito ao trabalho das autoridades, não se pronunciará publicamente enquanto os procedimentos estiverem em andamento.
Fonte: Agência Brasil
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