A partir de 2024, a vacinação contra a poliomielite terá uma novidade: a tradicional gotinha da vacina Sabin começará a ser gradualmente substituída pela Vacina Inativada Poliomielite (VIP), que é injetável. A mudança foi anunciada pelo Ministério da Saúde no mês passado.
A vacina injetável já é aplicada em crianças com 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Com a mudança, ela começará a ser usada também na dose de reforço, aos 15 meses. Com isso, a outra dose de reforço, atualmente aplicada aos 4 anos de idade, não será mais necessária.
A médica neurocirurgiã Ana Maria Moura, coordenadora distrital da campanha contra a pólio através da vacinação desenvolvida pelo Rotary Clube, ressalta a importância da vacinação para prevenir a volta da doença. “A gotinha tem os vírus vivos e a injetável tem o vírus morto. A troca afasta o risco de a criança eliminar a vacina em gota pelas fezes, ficando sem a proteção”, pontua a médica.
“É muito importante que a população se conscientize e leve as crianças para serem vacinadas”, destaca Ana Maria, recordando que nas décadas de 1960 e 1970 as pessoas viram os impactos negativos da pólio. “Hoje, graças a Deus, não temos mais esses casos de sequelas e mortes, por isso, as pessoas podem achar que a doença não acontecerá mais, mas sem a vacinação, ela pode voltar”, completa a médica.
Ana Maria ainda lembra que o último caso de poliomielite foi registrado no Brasil em 1989. “Levem as crianças para serem vacinadas e, se tiverem dúvidas, procurem um médico para as orientações, pois prevenir é sempre melhor”, finaliza.
Saiba mais sobre a doença
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença infectocontagiosa, altamente transmissível, provocada pelo poliovírus selvagem. Ela afeta, principalmente, crianças antes dos 6 anos de idade. As manifestações clínicas variam de acordo com a área acometida do sistema nervoso, desde casos assintomáticos até paralisia grave e morte.
Os sintomas começam com gripes, dor de cabeça, fraqueza e diarreia. Uma pequena porcentagem da população infantil pode apresentar a forma neurológica da doença, com sintomas, como flacidez na musculatura dos membros inferiores e do diafragma, o que impossibilita a respiração e pode levar à morte.
Há também casos de Síndrome Pós-Poliomielite (SSP), uma desordem do sistema nervoso que se manifesta em pessoas que tiveram a doença. Ana Maria Moura acompanha pacientes com SSP. Os sintomas aparecem, em média, após 15 anos ou mais e o paciente apresenta fraqueza muscular e progressiva, fadiga, dores musculares e nas articulações, resultando em uma diminuição da capacidade funcional e/ou no surgimento de novas incapacidades.
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