A venda de tadalafila, medicamento indicado para o tratamento da disfunção erétil, aumentou quase 20 vezes no Brasil em uma década. Dados da Anvisa, divulgados com exclusividade pelo g1, revelam que foram comercializadas cerca de 64 milhões de unidades do fármaco em 2024 — um salto expressivo em relação aos 3 milhões vendidos em 2015.

Especialistas apontam que esse crescimento acelerado está diretamente relacionado à popularização do uso da substância nas redes sociais. Nessas plataformas, a tadalafila leva a fama de “impulsionador sexual”. Algumas pessoas inclusive apelidaram o medicamento de “tadala”. O uso recreativo do medicamento, sobretudo por jovens sem qualquer diagnóstico clínico, tem se tornado cada vez mais comum, com relatos de ingestão antes de encontros íntimos ou até como rotina diária.

De acordo com o urologista Eduardo Miranda, coordenador de Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), muitos usuários não estão cientes dos riscos relacionados à dependência psicológica provocada pelo consumo frequente. O especialista destaca que, ao usar o medicamento sem necessidade real, essas pessoas acabam mascarando inseguranças em relação ao desempenho sexual desde o início da vida sexual, o que pode levar a disfunções no futuro. Para ele, é fundamental compreender que a relação sexual envolve também aspectos emocionais e não apenas fisiológicos.

Facilidade de acesso ao medicamento

A venda do medicamento em farmácias sem necessidade de retenção de receita é outro fator que ajuda a explicar o aumento. Além disso, produtos derivados, como a “Metbala” — uma goma com tadalafila promovida por influenciadores digitais — têm ampliado a exposição do composto. A Anvisa proibiu rerecentemente a comercialização desse tipo de produto por não atender às normas regulatórias.

O crescimento nas vendas poder sugerir uma maior atenção à saúde sexual masculina. Contudo, especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado e sem orientação médica. O consumo da tadalafila por pessoas que não necessitam clinicamente do tratamento pode comprometer a saúde física e emocional dos usuários. A recomendação unânime entre os profissionais da área é de os homens só utilizem o medicamento com prescrição e acompanhamento adequados.

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