Você também odeia esperar? A ciência explica por que essa sensação é angustiante

Especialistas em psicologia explicam que a espera ativa os mesmos circuitos cerebrais ligados à ansiedade e à frustração

Não gostar de esperar

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Ficar preso no trânsito, esperar o download de um arquivo, aguardar uma resposta no WhatsApp… Se você sente que esses momentos são torturantes, não está sozinho. Não gostar de esperar é quase universal — e tem tudo a ver com o nosso cérebro e o mundo moderno.

A espera, que antes fazia parte da vida cotidiana — da fila do banco ao tempo de resposta por carta —, se transformou em algo insuportável na era da velocidade. Vivemos cercados por promessas de “instantâneo”: comida rápida, entrega no mesmo dia, mensagens em tempo real. Resultado? Nossa tolerância ao tempo caiu drasticamente.

Especialistas em psicologia explicam que a espera ativa os mesmos circuitos cerebrais ligados à ansiedade e à frustração. E pior: quanto mais imprevisível for o tempo de espera, maior o estresse gerado. É por isso que uma fila com senha é mais suportável do que uma fila desorganizada — saber quanto tempo falta acalma o cérebro.

Além disso, a espera nos confronta com a inatividade. E isso, em um mundo que valoriza produtividade e agilidade acima de tudo, pode soar como perda de tempo. Não estar “fazendo algo” é, para muitos, quase insuportável.

Mas tem mais: neurocientistas apontam que a forma como percebemos o tempo muda conforme o nosso nível de atenção. Quando estamos ansiosos, o tempo parece se arrastar. Ou seja, quanto mais nos incomodamos com a espera, mais longa ela parece.

Fator cultural

E há ainda um fator cultural: sociedades ocidentais, como a brasileira, tendem a enxergar o tempo como linear e valioso, reforçando a ideia de que “esperar é desperdiçar”. Em outras culturas, como a japonesa ou a indiana, o tempo é visto de maneira mais cíclica ou contemplativa — e a espera, menos sofrida.

No fim das contas, odiar esperar não é apenas uma questão de impaciência, mas um reflexo da ansiedade moderna, das pressões sociais e da forma como lidamos com o tempo. Enquanto tudo ao nosso redor corre cada vez mais rápido, nosso cérebro ainda tenta acompanhar — e sofre no caminho.

Então da próxima vez que estiver impaciente na fila ou esperando alguém responder sua mensagem, lembre-se: o problema não é só o atraso… é o que a espera te obriga a sentir.

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