O Dia Mundial Sem Tabaco é celebrado anualmente em 31 de maio e este ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu como slogan o tema “Desmascarando a indústria do tabaco: expondo as táticas das empresas para deixar os produtos de tabaco e nicotina mais atrativos”.
Isso porque um dos principais desafios que a saúde pública enfrenta hoje é o combate ao apelo do tabaco, da nicotina e de produtos relacionados, especialmente entre os jovens. A indústria tenta sistematicamente encontrar formas de tornar estes produtos atrativos.
A pneumologista Daniela Campos, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, comenta sobre o tema da campanha deste ano. “A indústria, ao longo dos anos, percebeu que estava perdendo o mercado, que as pessoas já tinham mais consciência sobre os malefícios, sobre o risco de câncer, de enfisema pulmonar, de tantas outras doenças, como morte precoce por AVC, pressão arterial, trombose nas pernas. Então ao longo dos anos ela teve que atrair esse jovem de uma outra forma, como o Narguilé, que é uma peça bonita, com o cigarro eletrônico que inicialmente ela vendeu a imagem como sendo uma forma de você deixar o cigarro convencional”.
Propaganda de cigarro
Nos últimos anos voltamos a ver mais o cigarro na televisão, após alguns anos sem exposição ele tem aparecido em novelas, filmes ou seriados. A especialista acredita que isso é um retrocesso. “A gente não pode ter isso como uma coisa exposta para os nossos filhos. Proibido em rede social e na televisão”.
“A gente conseguiu que colocassem nas caixinhas de cigarro que causa câncer, infarto, enfisema pulmonar, mas no eletrônico e na tv a gente não consegue. Não podemos deixar que a televisão volte a mostrar as pessoas fumando como uma coisa bacana, porque quando você mostra isso na televisão, parece que é uma coisa que é certa, não é correto incentivar os nossos jovens”.
A data
Daniela Campos ressalta que todos os tipos de cigarro fazem mal para os usuários. “Todos os produtos derivados do tabaco fazem mal, todos causam dependência química, principalmente, dependência e abstinência. Todos eles causam, porque todos têm nicotina. Não existe nenhuma forma segura de se usar o tabaco, porque todos causam um malefício”, afirma ela, que destaca o Dia Mundial Sem Tabaco. “Nesse dia a gente aconselha as pessoas a ficarem pelo menos um dia sem fumar, para ter a sensação de como é ficar sem fumar”, completa.
De acordo com a médica, o cigarro eletrônico é uma preocupação constante. “A nossa maior briga com os cigarros eletrônicos é eles terem sabores. Ele não pode ser usado em ambientes fechados, a legislação é a mesma do cigarro convencional, só que ninguém reclama, porque como é um cheiro de cereja, às vezes de morango, de chocolate, ninguém se incomoda com o cheiro, apesar que o vapor dele, aquela fumaça que sai também é prejudicial para as outras pessoas. Em boates, locais fechados, eles conseguem fumar sem que alguém reclame, sem que alguém venha pedir para ele parar, porque às vezes ele fuma discretamente, ninguém está vendo, o cheiro não incomoda.
Jovens
Ainda conforme a especialista, os jovens são as maiores vítimas. “Os jovens são os mais suscetíveis, com certeza. Primeiro porque hoje em dia tudo é imediatismo de internet, rede social e as pessoas têm que ter satisfação na vida dos outros. Os jovens são muito prejudicados com essa questão de aparência, de rede, de julgamento e são pessoas mais inseguras. E, ao mesmo tempo, eles vêem o cigarro eletrônico como uma forma de aliviar essa ansiedade, esses estresse, que é uma forma muito ruim”, salienta.
A pneumologista ressalta os malefícios para a juventude. “Esses meninos que nunca iam fumar na vida estão viciados em cigarro eletrônico e numa faixa etária que a gente não via antes, de 12, 13, 14 anos fumando nessa proporção, a gente via acima dos 16, 17, 18 anos. E qual é o maior problema que a gente tem nessa faixa etária? O cérebro das pessoas, ele se formar completamente a partir de 21 anos de idade, abaixo dessa faixa etária você não tem o cérebro completamente formado, quando você começa a fumar ou usar bebida alcoólica, você tem uma dependência maior”.
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