Número de denúncias de violência contra idosos cresce em 2024

Entre os abusos, estão maus tratos e violência patrimonial

Idosos em uma praçaFoto: reprodução/TV Brasil

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Número de denúncias de violência contra idosos cresce em 2024. Só nos três primeiros meses de 2024 já foram registradas 42.995 denúncias.

Os dados de violações contra pessoas de 60 anos de idade ou mais são da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH).

Número bem maior do que os do mesmo período ano passado, já que em 2023 foram 33.546 registros, e de 2022, com 19.764.

Em primeiro lugar entre os abusos mais comuns este ano, está negligência (17,51%).

Em segundo lugar, exposição de risco à saúde (14,68%). E ainda tortura psíquica (12,89%).

Maus tratos (12,20%) e violência patrimonial (5,72%) aparecem na sequência.

E o que leva familiares a agredir ou a explorar os idosos?

Em síntese, cada caso tem particularidades, mas há fatores mais comuns como exaustão do cuidador, falta de preparo, desconhecimento da lei e condições socioeconômicas precárias.

É o que explica Sandra Rabello, coordenadora de projetos de extensão do Núcleo de Envelhecimento Humano da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), e presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

“As condições de vida, como o desemprego, também favorecem as pessoas a cometerem determinados crimes, como empréstimos consignados, extorsão, pressão sobre os idosos, violência psicológica”, de acordo com a especialista.

Mas outra, segundo ela, é a exaustão sobre o cuidado de idosos, fragilizados ou com síndrome demencial.

“Isso pode prejudicar muito os relacionamentos dentro das famílias”, explica Sandra Rabello.

De acordo com a especialista, é preciso olhar para além dos aspectos e responsabilidades individuais de cada crime.

“Os idosos tendem a proteger filhos, netos, que às vezes são dependentes químicos, ou estão desempregados”, explica.

Mas a identificação de abusos pode surgir da convivência de um profissional com a pessoa idosa, que vai observar os sinais e fazer uma intervenção.

“Nos casos de exploração, o profissional deve estimular a pessoa idosa a fazer a denúncia ao Ministério Público”, disse Sandra Rabello.

Entendimento semelhante tem Fatima Henriette de Miranda e Silva, presidente da Comissão de Atendimento à Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil-RJ.

“Para prevenir essas violências, entendo ser necessário investir em educação e conscientização sobre os direitos dos idosos, promover o diálogo e o apoio dentro das famílias, proporcionar serviços de assistência social e psicológica para os idosos em situação de vulnerabilidade”, defende Fatima.

De acordo com ela, é importante ter campanhas, políticas públicas, com participação de governantes, familiares e toda a sociedade.

Denúncias de violência contra idosos

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reforça que o Disque 100 funciona 24 horas por dia, nos 7 dias da semana.

O número registra denúncias de violações, dissemina informações e orienta a sociedade a fim de expandir a política de direitos humanos.

O canal pode ser acionado por meio de ligação gratuita, discando 100 em qualquer aparelho telefônico.

Pela internet, as denúncias são feitas no site da Ouvidoria, pelo WhatsApp (61) 99611-0100) ou Telegram.

O serviço também dispõe de atendimento na Língua Brasileira de Sinais (Libras), no site da Ouvidoria.

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